O nome "Gran Circo" exprime bem a maneira como penso.
Aparentemente caótico, mas muito planejado, às vezes irônico mas sobretudo divertido.
Não esperem só palhaçadas.
Críticas e manifestações humanas em geral terão lugar garantido no picadeiro.

Agora vamos ver como os domadores e palhaços que moram entre as minhas orelhas irão se comportar!



19 janeiro 2017

O leilão de cavalos crioulos

photo by Sebastian Danon in www.freeimages.com
Em minha vida de consultor, tive a oportunidade de viajar o Brasil inteiro fazendo projetos rápidos para uma grande multinacional, projetos esses que visavam o desenvolvimento de boas práticas logísticas em clientes promissores, num autêntico ganha-ganha.

De passagem é preciso dizer que ninguém instala um armazém de empresa em um bairro nobre. Desse modo, a periferia e a “beira de rodovias” fizeram parte do pacote com todas as suas peculiaridades. Foi uma oportunidade de ouro para conhecer o Brasil de verdade, a sua gente e cultura regionais, sem os filtros coloridos do turista.  Eu diria mesmo que tive a oportunidade de conhecer os vários Brasis, com suas múltiplas linguagens, culinárias, costumes, valores e crenças. À despeito das diferenças eda pobreza da maioria dos lugares,  eu gostei do que vi.  Ainda tenho fé no Brasil.

É bem verdade que também conheci um mundo de charme e “savoir-vivre”. Tanto com os empresários envolvidos no projeto, com os meandros do poder e da influência política concentrada por eles principalmente nas pequenas cidades interioranas do norte e nordeste, mas também porque a hospedagem foi sempre em hotéis top e frequentemente rolava um almoço de negócios nos melhores restaurantes disponíveis (nem sempre de luxo).
Vou voltar aos causos dessas viagens várias vezes. Por razões de bom senso, quando eu precisar me referir a nomes de pessoas ou empresas esses serão sempre fictícios.

O leilão de cavalos crioulos

Não sei como a cidade está hoje, mas a Curitiba que conheci me deixou muito bem impressionado.  Uma cidade bem organizada e funcional, com gente muito hospitaleira.
Depois de uma reunião inicial com o cliente, fomos convidados  para almoçar no belo Parque Barigui, que é um local tradicional de feiras e exposições. Durante o percurso da sede da empresa até o parque, o sr. Zeca, o dono da empresa visitada, me conta que é criador de cavalos da raça crioula. 

Chegando ao parque, e de  surpresa, ao invés do restaurantes  fomos levados primeiro para visitar uma exposição agropecuária que estava  acontecendo por lá. Muitas picapes, SUVs, muita gente orgulhosa de suas origens gaúchas e devidamente trajadas com suas pilchas.
E aí o Sr. Zeca me pede: “Seo Valter, eu tenho um animal no leilão e preciso de um favor: vai com o meu peão até as cocheiras como se estivesse interessado em iniciar uma criação, converse com o pessoal de lá, e fique particularmente interessado pela minha potranca. Assim como quem não quer nada, deixe escapar que está disposto a pagar pelo menos um X por ela. Isso vai me ajudar a levantar os lances.”

Não sei se ajudei em alguma coisa porque a minha cara de espanto ao ver tantos animais bonitos deve ter me denunciado. Mas o churrasco no almoço estava uma delícia, e nele sim, eu aproveitei para perguntar e aprender mais sobre a raça.  
Quisera eu poder, de fato, começar uma criação.

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