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Em minha vida de consultor, tive a oportunidade de viajar o
Brasil inteiro fazendo projetos rápidos para uma grande multinacional, projetos
esses que visavam o desenvolvimento de boas práticas logísticas em clientes
promissores, num autêntico ganha-ganha.
De passagem é preciso dizer que ninguém instala um armazém
de empresa em um bairro nobre. Desse modo, a periferia e a “beira de rodovias”
fizeram parte do pacote com todas as suas peculiaridades. Foi uma oportunidade
de ouro para conhecer o Brasil de verdade, a sua gente e cultura regionais, sem
os filtros coloridos do turista. Eu
diria mesmo que tive a oportunidade de conhecer os vários Brasis, com suas
múltiplas linguagens, culinárias, costumes, valores e crenças. À despeito das
diferenças eda pobreza da maioria dos lugares, eu gostei do que vi. Ainda tenho fé no Brasil.
É bem verdade que também conheci um mundo de charme e
“savoir-vivre”. Tanto com os empresários envolvidos no projeto, com os meandros
do poder e da influência política concentrada por eles principalmente nas
pequenas cidades interioranas do norte e nordeste, mas também porque a
hospedagem foi sempre em hotéis top e frequentemente rolava um almoço de
negócios nos melhores restaurantes disponíveis (nem sempre de luxo).
Vou voltar aos causos dessas viagens várias vezes. Por
razões de bom senso, quando eu precisar me referir a nomes de pessoas ou
empresas esses serão sempre fictícios.
O leilão de cavalos crioulos
Não sei como a cidade está hoje, mas a Curitiba que conheci
me deixou muito bem impressionado. Uma
cidade bem organizada e funcional, com gente muito hospitaleira.
Depois de uma reunião inicial com o cliente, fomos
convidados para almoçar no belo Parque
Barigui, que é um local tradicional de feiras e exposições. Durante o percurso
da sede da empresa até o parque, o sr. Zeca, o dono da empresa visitada, me
conta que é criador de cavalos da raça crioula.
Chegando ao parque, e de
surpresa, ao invés do restaurantes fomos levados primeiro para visitar uma
exposição agropecuária que estava
acontecendo por lá. Muitas picapes, SUVs, muita gente orgulhosa de suas
origens gaúchas e devidamente trajadas com suas pilchas.
E aí o Sr. Zeca me pede: “Seo Valter, eu tenho um animal no
leilão e preciso de um favor: vai com o meu peão até as cocheiras como se estivesse
interessado em iniciar uma criação, converse com o pessoal de lá, e fique
particularmente interessado pela minha potranca. Assim como quem não quer nada,
deixe escapar que está disposto a pagar pelo menos um X por ela. Isso vai me
ajudar a levantar os lances.”
Não sei se ajudei em alguma coisa porque a minha cara de
espanto ao ver tantos animais bonitos deve ter me denunciado. Mas o churrasco
no almoço estava uma delícia, e nele sim, eu aproveitei para perguntar e
aprender mais sobre a raça.
Quisera eu
poder, de fato, começar uma criação.
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