Caramba!  Primeiro preciso tirar as teias de aranha que tomaram conta do circo.  Desde Novembro que não faço uma postagem!  Mas essa ausência tem sido por uma boa causa, podem acreditar.
Estou aqui para fazer um comentário que tem muito a ver com o "post" anterior.
Ética ainda não é um artigo muito fácil de se encontrar entre os pequenos prestadores de serviço.
Na Segunda-feira a Birgitta, nossa empregada sueca, que também atende pelo nome de Electrolux resolveu fazer greve e se recusou a centrifugar.
Por incrível que pareça numa cidade com quase 400.000 habitantes como é a minha não há uma Assistência Técnica da Electrolux.
Como a Birgitta já não é mais uma garotinha tutelada pela garantia de um ano eu chamei um técnico que só faltou jurar que conhecia tudo da anatomia da sueca.
Chegou, botou ela deitada, ferramenta na mão (vai com calma que isto não é um conto erótico) e deu logo o diagnóstico.
- É só a correia que travou na polia. Ainda bem que não é o controlador porque senão seria caríssimo.  E olha Doutor, tem mais esse botão (o de adiar a centrifugação) que não está funcionando e tal, mas eu nem mexeria aí porque quase ninguém usa mesmo, pra voltar a funcionar só trocando a placa do Deusmelivrematic que também é muito cara, etc...    Cobrou seus R$20,00 pela visita e caiu fora. 
Não posso negar que deixou a máquina funcionando... por 2 dias.
E a Birgitta ficou de novo paradinha, desta vez sem nem uma chacoalhadinha.
Daí foi a minha vez de botar ela deitadinha e verificar que a correia não estava travada coisa nenhuma.  E lá se foi a minha chance de ser o herói do dia.
Resolvi que chamar de novo o mesmo cara, que pelo jeitão estava chutando e deu sorte da primeira vez, seria só pra passar nervoso.
Liguei então pra Autorizada da cidade vizinha, a atendente já avisou logo que a visita custaria R$ 15,00 caso o orçamento não fosse aprovado e marcamos para o dia seguinte.
Tadinha da Birgitta. Deitou pela terceira vez!  E eu todo entendido fui cantando os sintomas para o técnico.  Ele nem abriu a caixa de ferramentas.  Foi logo no motor e descobriu que estava com os fios cortados na saída da bobina.  Quanto ao botão de "adiar centrifugação" me disse que estava perfeito.
Aí o Sr. Técnico pegou sua tabela, informou que como oficina autorizada não seria feito o conserto do motor e sim uma troca e que com a mão de obra ficaria em R$centos e tralalá.  Caro pra burro! 
É claro que o caboclinho Sinhô Engenheru baixou nimim.  Tirei eu mesmo o motor - moleza - só 2 parafusos, achando que um alicate e um pedaço de fita isolante dariam conta do recado.  Não contava porém com a destreza do maldito roedor de fios (seria uma barata? seria um rato?)
Segunda chance perdida de ser o herói do dia!
Quem foi o desgraçado roedor de fios eu realmente não sei mas fez um trabalhinho danado de meticuloso.  Tanto fio à vista e ele foi logo cortar 3 fios que estavam escondidos sobre o motor e sem deixar nem uma pontinha que me desse a chance de fazer uma emenda.  Não tenho nenhuma explicação racional para tal assassinato dos fios da Birgitta mas que foi um crime perfeito isso foi.  Sem chance de eu mesmo consertar.
Depois de tanta conversa mole vamos ao assunto principal.
Liguei para um punhado de oficinas de manutenção de lavadoras. 
Expliquei o problema sem contar que já havia tirado o motor.
Morri de rir com as dificuldades que os caras criam e com os preços que pretendem cobrar.
Um deles, disse:
- Olha!  Ihhhh!  Electrolux?!  É uma complicação.  Mesmo pra nóis que temo mais de 15 anos de prática é muito complicado tirar esse motor.  Aí nóis temo que ir até aí, retirá o motor e mandá recondicioná. Num dá prá fazê por menos de cento e vinte Real.
Pô!  Vá chutar lá longe!  O motor é preso por 2 parafusos.   Tirei com a mão esquerda e com os olhos vendados!  Significa que o carinha estava me chamando de otário por telefone.
Outro, sem ver o motor me disse ao telefone que demoraria umas duas semanas e que custaria R$ 150,00.
Ainda bem que nenhum deles tinha o motor à base de troca porque senão, pra ganhar as duas semanas, eu encararia.
O que eu fiz.  Peguei o motor, levei para uma oficina que recondiciona motores, mostrei os fios cortados e, meia hora depois estava com o motor consertado por R$ 15,00  (ainda assim caro pra burro por meia hora).
Agora digam-me, o que pensam os tais técnicos quando falam essas bobagens para um cliente?
Será que se dão conta de que só se engana um cliente uma única vez?  É muito provável que se eu fosse uma mulher (nenhum comentário sexista de minha parte) os carinhas provavelmente pediriam ainda mais caro imaginando que "elas não sabem de nada mesmo".
Essa é uma das coisas que ainda nos falta.  Perder essa mania de tirar vantagem da ignorância do outro (ou da pseudo-ignorância).  Aprender a ganhar dinheiro honestamente, e do mesmo modo, quando não sabe uma resposta, parar de chutar em benefício próprio.
O que aconteceria se eu chamasse o primeiro técnico de volta.  Provavelmente ele iria descobrir que o "defeito" era na placa controladora (ele já havia cantado a bola) e iria me esfolar um bocado.
Ou se chamasse um dos outros?  Iria ficar duas semanas sem o carinho e a dedicação da Birgitta e deixaria umas cem pilas a mais do que o conserto realmente necessário.
Só que para isso, gasto meio dia do meu precioso tempo porque tenho eu mesmo que correr atrás do conserto. 
Ainda bem que tenho essa possibilidade (às vezes) mas quantos de nós somos obrigados a cair nas armadilhas dos prestadores de serviço por falta de tempo, ou de habilidades manuais?
Portanto, pessoal!  Cuidado com os orçamentos e principalmente cuidado com os defeitos mirabolantes que são inventados pelos "técnicos".   Sejam sempre críticos antes de botar a mão no bolso e ouçam sempre uma segunda opinião.
Bom, a bandinha está começando a tocar.  Tomara que o espetáculo desta noite seja bom!
02 fevereiro 2006
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2 comentários:
Nunca soube que era tão bom pra escrever.
Nas entrelinhas de um "circo de ideias" amei o seu blog.
Fico feliz que nunca tenha mandado pro espaço o meu contato..
;-)
Comentário tardio
A Birgitta está de novo com defeito. E dessa vez eu mesmo vou dar um jeito de consertá-la.
E será que o primeiro cara que eu chamei naquela primeira vez não cortou os fios pra depois dar um golpe?
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