Lutem pela paz!

Eu achei o texto abaixo de tal maneira direto (na verdade um soco na boca do estômago) que resolvi partilhar com vocês. Reflitam!

Publicado em Valor Econômico de 12/11/01. Criação: Walter Miranda / Ghirotti & Cia. Pag D8

Pelos próximos 2 minutos, você não estará vendo fotos de refugiados, de cidades destruídas, de bombas caindo nem de homens com a fúria nos olhos. Não estará assistindo a prédios desmoronando, aviões em colisão, surtos de doenças, carros bomba, crianças com armas na mão nem mães em desespero.
Não ouvirá o som de aviões-caça sobre sua cabeça, o rugido de tanques trepidando a rua onde você está, o tilintar de cartuchos de balas de fuzil deflagradas batendo no chão ao seu lado, nem o clamor do povo protestando na avenida central da cidade. Não sentirá o cheiro da pólvora vindo no vento das montanhas, do ácido da urina de uma criança aterrorizada, do sangue que corre sobre a calçada e se mistura à terra, nem mesmo o inesquecível odor de carne humana queimada pela bomba do inimigo. Não chorará com a visão das feridas de outros homens, perante a decepção da derrota na batalha deste dia, nem mesmo quando for atingido pela inevitável perda de seus amigos. Não sentirá a dor do coice da metralhadora em seus ombros, o corte na mão da luta com a faca, o suor do medo na face de seus filhos, nem os calos deixados pela arma que estava em suas mãos no momento da disputa pelo território. Não sentirá o gosto do pão seco e farelento que você roubou da vila destruída esta manhã, nem da água pisada por coturnos poeirentos, não sentirá nem mesmo o gosto da própria saliva já há muito seca pelo desespero, pelo medo, pelo terror e pela constante presença da morte ao seu lado.

Agora que seus cinco sentidos já tem uma pequena noção do que é estar num país em guerra, lute pela paz.