O nome "Gran Circo" exprime bem a maneira como penso.
Aparentemente caótico, mas muito planejado, às vezes irônico mas sobretudo divertido.
Não esperem só palhaçadas.
Críticas e manifestações humanas em geral terão lugar garantido no picadeiro.

Agora vamos ver como os domadores e palhaços que moram entre as minhas orelhas irão se comportar!



03 março 2013

A impunidade mora ao lado


Eu gostaria muito que existisse um índice desses tantos que a imprensa divulga por aí, que medisse o quanto os nossos direitos fundamentais são respeitados, e fizesse a comparação com outros países.  Seria bom pelo menos para que pudéssemos ver o quanto ainda precisamos aprender em termos de civilidade.

Digo isso porque, pelo menos na minha cidade, a civilidade com todos os seus componentes de boa educação, respeito pelo próximo, gentileza e bom senso, está cada vez mais ausente e não adianta pedir para que as autoridades constituídas resolvam o seu problema.  
Esqueça!  Eles não vão resolver.  Seja barulho, briga, ou cheiro de maconha (e olha que eu moro bem longe de uma favela), ou você vai pro pau e se sujeita a bater ou apanhar dos vizinhos, ou fica curtindo a sua impotência em pleitear solução para uma convivência minimamente aceitável.

Esta foi mais uma noite de insônia, com uma segunda festa de aniversário num vizinho (duas casas distantes da minha), animada por um barulhento grupo de sambistas, pagodeiros, ou sei lá o que, cujo som chegava a 60dB dentro da minha casa, as 23:00h.

Diz o código de posturas municipais que regula essa matéria, que
após as 22:00 o limite é de 50dB a dois metros da fonte.

Então vambora reclamar o nosso sagrado direito de dormir em paz:
As 23:00 eu ligo para a CIEMP – Central Integrada de Emergências Públicas – tel 0800 770 1566 e o telefone dá sinal de ocupado por
quase 15 minutos.

ATENÇÃO: Esse é o telefone de uma Central de Emergências. Como pode dar ocupado? Alguém pode explicar?

Quando sou atendido, explico a situação e passo a aguardar ansiosamente o fim do barulho, que não acaba, até que por volta de
00:20 (bem vindo ao Domingo!) volto a ligar e sou informado que uma
das equipes já havia recebido a denúncia e que estava a caminho do
local (a desculpa pela demora foi o fato de que eles dividem a cidade
em setores para cada equipe.)  E daí???

Por volta de 01:15 o barulho ainda continuava firme e forte e eu voltei a ligar.  A nova informação é que uma equipe da Prefeitura havia estado
no local mas que, fora algumas pessoas conversando em voz alta no interior da casa, não foi detectado barulho acima dos 50dB.  Mas que, pela reincidência da minha reclamação eles estavam enviando
novamente uma equipe ao local.

Pergunta não feita:  Quantos segundos eles estiveram em frente ao local?  Se havia gente falando alto e eles estavam investigando uma situação, por que não bateram na porta?  Para não atrapalhar o sono
da turma é que não foi, né?!

Fiquei sabendo hoje que uma outra vizinha havia reclamado por volta da 01:00, e ao ser atendida pelo CIEMP perguntou se ninguém havia reclamado antes. Disseram que ela era a primeira.  
Ops!  Como assim?  Ninguém se conversa por lá? Porque eu deveria acreditar que uma equipe se deslocou até o local, se nem sabiam da minha reclamação?

E para acabar com a insone narrativa, as duas da manhã ouvi um carro parar em frente ao local da festa, algum zumzumzum, deu tempo para espiar e ver o carro da Prefeitura se afastando, e depois o silêncio redentor.

Por favor alguém me explique: De que adiantou reclamar? 
Provavelmente as duas da manhã essa festa já estava acabando de qualquer jeito!   O que faço da próxima vez? Esqueço a
minha própria civilidade?
Quando eu quero eu sei ser bastante convicente como troglodita, mas o problema é que barulho é apenas contravenção penal, enquanto
qualquer atitude drástica de minha parte poderá ser considerada crime. 

Se alguém achar onde se escondem os nossos direitos a urbanidade, por favor me avise!

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