O nome "Gran Circo" exprime bem a maneira como penso.
Aparentemente caótico, mas muito planejado, às vezes irônico mas sobretudo divertido.
Não esperem só palhaçadas.
Críticas e manifestações humanas em geral terão lugar garantido no picadeiro.

Agora vamos ver como os domadores e palhaços que moram entre as minhas orelhas irão se comportar!



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14 março 2017

A carência de valores que nos assombra

ilustração por Valter Mello
Ontem pela manhã, acompanhei minha esposa ao médico, exatamente no horário da entrada de um colégio que fica em frente ao local da consulta.

Na falta de algo pra ler, fiquei observando a entrada de alunos por volta de uns 15 a 20 minutos e o que vi não é exatamente um painel elogioso sobre os valores daqueles que são “o futuro da nação”.

Eu estava em uma posição privilegiada para ver os carros que chegavam e como paravam, as interações no desembarque, e a passagem dos alunos pela portaria.
Sem medo de errar, eu digo que menos de 20% dos alunos cumprimentaram o porteiro ao passar por ele.

Ainda menor do que esse percentual, foi o dos alunos que ao descer dos carros dos seus pais, lhes deram um beijo, ou ao menos um “tchau” ou tiveram uma interação mínima. A imensa maioria saiu do carro completamente indiferente a que estava ao volante.

E inversamente proporcional a isso, foi o dos carros parando no meio da rua ou em fila dupla, para não se dar ao trabalho de encostar no meio fio, ainda que haja um bom trecho de calçada livre em frente à portaria exatamente para evitar congestionamento na rua estreita.

Não quero afirmar aqui que essa falta de civilidade seja exatamente culpa da escola, uma vez que tenho a opinião de que educar não é a função primeira de uma instituição de ensino.  Esse tipo de educação deve vir de casa.
Entretanto, imagino que uma escola que pretende formar nossos futuros líderes, cuja mensalidade deve beirar os R$1.000,00 senão mais, e cujos alunos são levados até ela em grandes SUVs e carros nada populares, deveria cuidar da formação também em cidadania e não se preocupar só com o faturamento e com boas notas do ENEM.

Como imaginar que adolescentes que são completamente indiferentes ao porteiro que diariamente cuida de sua segurança, estejam desenvolvendo bons hábitos de urbanidade?

Como imaginar que adolescentes que percebem seus pais apenas como motoristas, talvez até como reflexo de não ver neles os exemplos mínimos de respeito ao próximo, estejam desenvolvendo noção de respeito

Como eu aposto que isso se repete em outras escolas particulares por aí, eu pergunto:  É essa a qualidade dos líderes que estamos desenvolvendo?  São eles que mudarão o Brasil para melhor?

Pobre Brasil!

07 setembro 2016

Mais uma greve - A quem interessa?


Mais uma desacreditada, inútil e indecente greve dos bancários está acontecendo.  Vai ter gente nervosa com a postagem, mas antes de começar o mimimi me respondam: O direito de um não termina onde começa o do outro? Então o do grevista não termina onde começa o do cidadão?  Esse que está sendo desrespeitado, que vai pagar suas contas com atrasos e juros, que fica com sua vida desorganizada?  Lembre-se que você bancário vive numa democracia e ninguém o obriga a ser bancário.  Não serve?  Vai procurar outro emprego! Simples assim.

Algum dia desses, se é que já não foi feito, um estatístico ainda fará uma correlação entre greves, anos eleitorais, sindicalistas em crises de libido, e a conjunção entre Vênus e Júpiter.  E aposto que chegará a conclusões tão inúteis quanto as próprias greves.

Por que digo que é uma greve desacreditada, indecente e inútil, tal qual a esmagadora maioria delas? 

Porque não faz nem cócegas nas instituições financeiras e nas grandes empresas. Só prejudicam mesmo a população, principalmente aqueles mais carentes e que tem menos acesso digital.

Essas greves são iguais xixi no poste. Só servem para marcar território dos sindicalistas. E quer saber:  Eles não estão nem aí pros bancários. Daqui a uns dias, serão chamados pra conversar, levam um “por fora” e voltam com um discursinho melequento destinado a convencer o rebanho que enquadraram os patrões, que a “luta” valeu a pena, e blá blá blá. 
Depois disso guardam as camisetas e os bonés vermelhos – nunca vi uma greve verde e amarela! E hibernam à espera da próxima oportunidade. E dependendo dos aplausos, com certeza estarão pedindo votos nas próximas eleições por um partidinho qualquer de esquerda.

Eu queria ver se essas greves de fachada se sustentariam se houvesse algum ônus. Tipo desconto (desconto de verdade) dos dias parados. Demissões; Se houvesse julgamentos duros sobre a legalidade. Se os cidadãos pudessem processar os sindicatos pelos prejuízos. Mas principalmente se houvesse cérebros e culhões para não aceitar o jugo sindical.

Mas enquanto houver essa miríade de sindicatos, nos mais diversos tons de vermelho, “lutando” pelos direitos dos trabalhadores (sério???), e enquanto houver trabalhadores acreditando que é preciso alguém ou o Estado para defendê-los, nós povo – outro rebanho – continuaremos a sofrer os efeitos.

O que parece é que somos destinados a sempre sermos "rebanho", seja de um senhor de engenho, de um coronel antiquado, de um padim padi ciço, de um Antonio Conselheiro, de um pastor, ou de um sindicalista(zinho).

E é só acabar a greve que estarão todos na mesma, ruminando novamente à sombra do seu opressor preferido e pensando na novela, no próximo BBB, no carnaval, no desempenho do seu time, ou anestesiados por uma rede social qualquer.

E ao final da apuração das próximas eleições, tudo continuará na mesma. É triste!

crédito da foto: freeimages.com/edu wagtelenberg

22 agosto 2016

Um balanço dos jogos olímpicos Rio 2016


Quem me acompanha sabe o quanto eu fui crítico em relação à realização dos Jogos no Brasil, porque entendo que esse ufanismo, potencializado pelos patrocinadores e por boa parte da mídia não é de verdade e não se sustenta. É só um anestésico, talvez mesmo um amnésico que nos faz esquecer coisas muito mais importantes incluindo a conta da festa.  O Rio de Janeiro é absolutamente o mesmo nesta Segunda-feira. O Brasil é absolutamente o mesmo.

Mas, a Olimpíada uma vez iniciada é contagiante. Pelos desafios impostos, pelo comprometimento dos atletas, pelas suas histórias de superação, pela diversidade, pela beleza plástica, pela alegria universal, pelo congraçamento, e por todas as outras demonstrações de que a raça humana ainda tem jeito.  E nesses aspectos tivemos muito o que comemorar ao longo do evento.

Eu também destaco as cerimônias de premiação. Elegantes e sem exageros, valorizaram nossa arte e nossos materiais desde os figurinos legais, até o pódio, e o design da bandejas e dos estojos em madeira.

Pena que nem tudo é perfeito

Tá bom que em um evento desse porte, por mais que pensemos esportivamente ainda não conseguimos nos livrar das contaminações políticas e econômicas, e em muitos casos, do fato de que o limite a ser ultrapassado já não é humano. Mas isso é assunto para uma postagem mais filosófica.

Também fomos ineficientes, não dá pra negar. É só olhar para os erros de planejamento e de execução, os problemas iniciais na vila olímpica, o uso de materiais de segunda (que tal a água verde?), a poluição...  Pior foi a criação de factoides  para tentar justificar as  pataquadas.  Até prisão de “terroristas” conseguimos fazer!  (chamei isso de pataquada preventiva). 
E também tivemos o “fogo amigo” de nossa própria imprensa, que adora uma desgraça pra chamar de sua.  Mas ainda assim, o resultado do evento em termos olímpicos foi positivo e merece aplausos.

A festa do encerramento

Caraca! Por que não fizeram uma festa bonita assim logo na abertura?  Parece até que os realizadores não foram os mesmos.  Ou será que a abertura foi só um ensaio que deu errado? 

Ontem tudo esteve muito mais harmonioso: Ideias bem realizadas, coreografias expressivas, músicas decentes e significativas. As projeções no piso, mais discretas, valorizaram as cenas (ao invés da abertura quando estavam caóticas). A alegria brasileira foi a tônica. 
Houve umas bobeadinhas aqui e ali, umas fantasias de brócolis, uns vícios de enredo de escola de samba que só se entende quando um comentarista chato lê o script, mas nem isso e nem a chuva atrapalharam o brilho da festa.  Aliás, a ideia da chuva para apagar a tocha foi bem legal.


E com o carnaval final, acho que os participantes saíram com um gostinho de quero mais!

imagem by Stux from Pixabay.com

12 abril 2011

O "Efeito Realengo"

O texto abaixo em itálico é a transcrição de um comentário que fiz à notícia do mesmo nome, publicada no Diário do Comércio e Indústria de hoje.

"Projetos demagógicos como esse do desarmamento são feitos sob medida para que as nossas autoridades se abstenham de tomar as medidas necessárias para combater o narcotráfico, o contrabando de armas, e tomar medidas realmente duras e eficazes contra os ilícitos que acontecem neste país. Será que vai dar para combinar com os bandidos que daqui pra frente só valerá confrontos sem armas?
Senhores: O "efeito Realengo" só faz eco porque foram mortes no atacado! E aquelas outras tantas que ocorrem no varejo, no nosso dia a dia, e que traduzem índices de fatalidade maiores que as guerras do Oriente Médio? Muitas causadas pela leniência no cumprimento "coração mole" de nossas tão fantásticas leis? Quem são os culpados? Os que puxaram os gatilhos ou aquelas autoridades que não cuidaram para que os delinquentes estivessem fora das ruas?

E aquelas outras tantas mortes dos pobres nas filas dos hospitais e postos de saúde? A quem culpar?
Srs. políticos: Ao invés de demagogia, por que não tomam ações eficazes para dar segurança, saúde, e educação aos brasileiros? Depois que isso tornar-se realidade, talvez haja ambiente para um novo plebiscito sobre desarmamento!"


Pois é! Pode parecer duro relativizar a tragédia desse massacre, mas os nossos malditos políticos mais uma vez querem nos repassar essa conta como se o Estado não tivesse nada a ver com isso. "Olha se continuar a acontecer esse tipo de crimes é culpa da população que prefere andar armada". Valha-me Deus por tanta sandice!

Ontem ouvi alguma "otoridade" qualquer dizer que 60% das armas apreendidas com bandidos são armas registradas para cidadãos e que foram parar nas mãos dos bandidos.

Conversa mole!

Esses caras tem mania de distorcer a pobre estatística. Qual o percentual de criminosos que são presos? Eu confesso não saber mas do jeito que os bandidos atuam é porque o risco é pequeno. Portanto, 60% de algo pequeno é também uma pequena figura. E a julgar pelas armas que estão nas mãos dos bandidos há alguma coisa de errado na afirmação da "otoridade" porque nunca soube de ninguém de bem que tivesse fuzis e armas de grosso calibre legalizadas e guardadas na cabeceira da cama.

Até agora eu não vi nenhuma ação eficaz para acabar com o contrabando de armas, tampouco para acabar com o fluxo daquelas que são fornecidas aos bandidos por integrantes corruptos das forças armadas e polícias.

Se entrarmos no mérito das distorções que existem no cumprimento das leis e na "mamata" das progressões de pena, indultos, e outras salvaguardas aos direitos dos presos, veremos que nós, pobres cidadãos, temos que rezar muito e além da fé ter também muita sorte.

Enquanto isso, ficam os demagogos, aqueles que estão lá às custas dos nossos votos e do dinheiro dos nossos impostos, querendo empurrar a responsabilidade para nós ao invés de assumirem suas próprias. Se quiserem MESMO que o povo seja responsável pela sua própria segurança, voltaremos ao velho Oeste.

Onde é mesmo que fica o curso de tiro mais próximo?

21 setembro 2009

Sobre motociclistas

Nestas últimas duas semanas, tive a oportunidade de ler dois artigos publicados no jornal semanal "Sete", que circula em Mogi das Cruzes e região, falando sobre o comportamento de motociclistas no trânsito e sobre a legislação pertinente, e sobre os quais resolvi dar minha opinião:

Achei extremamente oportuno o artigo do Dr. Maurimar Bosco Chiasso (semana 13 a 19/09) sobre os motoqueiros endoidecidos.

De fato, a circulação de motocicletas em geral, sejam de motofrete, sejam de puro transporte ou lazer, precisa mesmo ser regulamentada à luz de uma nova visão sobre esse tipo de veículo.

Do mesmo modo, compartilho com a opinião do arquiteto Luiz Roberto Villa (semana 20 a 26/09), sobre a falta de projetos incisivos que resultem em melhoria na convivência com esse tipo de veículo e serviços em que são usados.

Em primeiro lugar é preciso destacar que já fui um motociclista esportivo (e pretendo voltar à prática em breve), e que penso que o veículo não traz o bem ou o mal em si mesmo. O problema é o juízo de quem está sobre ele, do mesmo modo que num carro ou numa bicicleta.

De fato venho notando um aumento na quantidade de acidentes de trânsito envolvendo motos, em que a causa foi a nítida inconsequência, quando não imperícia, do piloto. E imagino o custo social e de saúde pública que essas ocorrências vem acarretando.

Na minha opinião, para fazer valer o princípio fundamental do CBT citado no artigo a que me referi, o primeiro passo deveria ser uma severa reformulação, e uma não menos severa fiscalização sobre os cursos de formação de condutores. É inadmissível que uma pessoa consiga ser habilitada para dirigir um veículo motorizado, sem a necessária consolidação dos conhecimentos teórico e prático, nos moldes em que a legislação brasileira hoje o permite.

Em segundo lugar, falta-nos uma mínima fiscalização dos orgãos competentes, que possa evitar os abusos e o desrespeito ao Código Brasileiro de Trânsito, que são praticados a todo momento, tanto por motoristas quanto por motociclistas.

Respondendo à pergunta do Dr. Chiasso: Não acontecerá nada diferente ao fluxo se os motociclistas não fizerem uso dos “corredores” enquanto o tráfego estiver fluindo em velocidade razoável. Ocuparão o espaço de um veículo como manda a lei e tudo correrá a contento!

Quando a corrente de tráfego reduz sua velocidade para 20km/h ou menos, como é comum nas horas de rush, não haverá problema em que as motos sigam entre os carros (pelas pistas da direita e em velocidade limitada) porque o tempo de reação de todos será suficiente para evitar acidentes.

Ou seja, o fundamental é o velho e simples bom senso!

Aos nossos legisladores (que deveriam ser os pilares do bom senso), eu peço:

Dêem uma olhada na legislação sobre tráfego no mar, em que a obrigação do desvio é sempre da embarcação menor, e mais ágil, ao contrário do que quer nos fazer acreditar a “gang” dos maus motociclistas (e que infelizmente fazem tanta bobagem que parecem ser a maioria).

Deixem da bobagem de querer regulamentar a lei que legaliza os mototáxis e as motos com 2 passageiros. Isso está na contramão da segurança pessoal, e só vai aumentar os assaltos usando as motos como veículos, assim como aumentar o custo da saúde pública com acidentes e outras ocorrências. Será que os mototaxistas legalizados terão obrigação de oferecer capacetes esterilizados aos seus passageiros kamikaze? Pagarão os prejuízos de um eventual acidente?

Deixem de bobagem em criar leis oportunistas e façam cumprir aquelas já existentes.

E de uma vez por todas, vamos dar prioridade à educação.

Sim, porque na base de tudo, está a tristemente crônica deficiência em nosso sistema educacional. Como queremos que alguém seja civilizado, que respeite o próximo, e que entenda minimamente aquilo que lhe é ensinado, com a formação que lhe é dada nas nossas escolas?
Quantas gerações serão necessárias para que tenhamos uma educação básica que viabilize cidadãos e que disso redunde bons brasileiros, bons motoristas, bons motoqueiros, e bons vizinhos?

Portanto senhores legisladores, bom senso!