O nome "Gran Circo" exprime bem a maneira como penso.
Aparentemente caótico, mas muito planejado, às vezes irônico mas sobretudo divertido.
Não esperem só palhaçadas.
Críticas e manifestações humanas em geral terão lugar garantido no picadeiro.

Agora vamos ver como os domadores e palhaços que moram entre as minhas orelhas irão se comportar!



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06 janeiro 2022

Sobre castelos de areia e castelos de cartas

 Pensei  ter construído castelos de areia, e cuidei de protege-los contra a força das marés.

Mas me enganei, eram castelos de cartas e ruíram lentamente pelas conjurações do mágico cego.

Olhei para as cartas destroçadas no chão, e vi que não formavam sequer um par de dois. Só via as imagens de paus e as espadas apontando para corações que sangravam, nenhum rei ou rainha, nenhum cavaleiro ou herói, e percebi que já não valia mais a pena gastar energia para tentar reconstruir nada.

Afastei-me, zonzo e sem rumo. Sem nenhum plano definido. Abri a porta com raiva...

porém, do lado de fora, a vida seguia em toda a sua plenitude e vigor, e vi flores desconhecidas além do jardim, precisando que fossem regadas e me oferecendo o seu perfume.

Valter Mello
06 de Janeiro de 2022

15 fevereiro 2021

Frases inspiradoras sobre fotografia

 Não sei se você sabe, mas eu sou um homem bastante eclético e isso envolve múltiplas paixões. Uma delas é a fotografia.  Sou um bom fotógrafo? Hummm, não sei, prefiro que me digam se o sou, mas procuro ser muito dedicado, o que com certeza vem da eterna mania de aprender que me domina.

Mas o que interessa é que buscando temas para orientar minhas aulas, fiz uma compilação de 20 frases inspiradoras, ditas por fotógrafos, sobre o tema, colhidas em livros ou diretamente via Google.  Vamos a elas, sem nenhuma ordem específica:


“Fotografar, é colocar na mesma linha a cabeça, o olho, e o coração” Henri Cartier-Bresson

“Fotografia é a estória que eu falhei em colocar em palavras” Destin Sparks

“Em fotografia há uma realidade tão sutil que se torna mais real que a realidade” – Alfred Stieglitz

“Há uma única coisa que uma fotografia deve conter, a humanidade do momento” – Robert Frank

“Fotografia é um modo de sentir, de tocar, de amar. Aquilo que é capturado em um filme é capturado para sempre... Vai relembrar pequenas coisas, muito depois que você tenha esquecido tudo” – Aaron Siskind

“Fotografia para mim não é o olhar, é o sentimento. Se você não se emociona com aquilo que você está vendo, então você nunca conseguirá que os outros sintam nada quando olharem para suas fotos” – Don Mc Cullin

“Um retrato não é feito na câmera, mas em ambos os lados dela” – Edward Steichen

“Para mim, fotografia é uma arte de observação. É sobre encontrar algo interessante em um lugar corriqueiro...Eu tenho percebido que há pouco a fazer com as coisas que você vê e muito a fazer com o modo como você as vê” – Elliott Erwitt

“A câmera é um instrumento que ensina as pessoas como ver sem uma câmera” – Dorothea Lange

“Quem não gosta de esperar não pode ser fotógrafo” – Sebastião Salgado

“Não fazemos uma foto apenas com uma câmera; ao ato de fotografar trazemos todos os livros que lemos, os filmes que vimos, a música que ouvimos, as pessoas que amamos” – Ansel Adams

“A câmera não faz diferença nenhuma. Todas elas gravam o que você está vendo. Mas você precisa ver – Ernst Hass

“Minha fotografia é a resistência da memória” – Araquém Alcântara

“Pessoas fazem foto de qualquer coisa bonita. Fotógrafos fazem fotos bonitas de qualquer coisa” – Rafael Correa Batista

“Tem coisas que estão além da fotografia, que moram no invisível da imagem, nos fatos que levaram alguém num determinado dia a fotografar tal cenário, com tais pessoas” – Boris Kossoy

“E você pode ficar horas e horas olhando para uma imagem e voltar a ela daqui a dez anos. Mas a sua interpretação sobre a mesma cena será outra, pois você já não é a mesma pessoa” – Boris Kossoy

“Fotografar é enxergar objetos, cenários, personagens e conceitos que não são visíveis a olhares comuns.”  - Eliane Terrataca

“Ao encostar o olho no visor, a realidade que nos envolve desaparece e a única que interessa é a que captamos através da lente.” - J.R. Duran

“Fotografias são símbolos. Ou você tem uma foto que conta uma história sem precisar de legenda, ou você não tem nada.” - Sebastião Salgado


15 outubro 2018

Feliz dia dos professores

Ivan Proles - www.freeimages.com
O que todos os grandes professores parecem ter em comum é o amor por  sua  matéria,  uma  satisfação  óbvia em despertar esse amor em seus alunos, e  uma  capacidade  em convencê-los    de   que   o   que   lhes   está    sendo  ensinado  é  terrivelmente  sério.                    

                                                                               
Epstein
Ainda não sou um professor à altura dos meus mestres, quiçá consiga sê-lo um dia.
Mas não poderia homenagear os meus colegas de docência, sem citar aqueles que me indicaram o caminho para tudo o que tenho conseguido profissionalmente, e de volta à sala de aula como professor.
Embora saiba que nessa lista estarei com certeza, cometendo injustiças, senão por esquecimento mas para manter o texto curto, vão aqui algumas homenagens:
Flora Benatti, minha professora do 1º ano primário, que mostrou-me a descoberta do mundo e o valor da persistência através de um presente, um livro contando as aventuras de Fernão de Magalhães, que movimentou minha imaginação por anos e despertou o meu prazer pela leitura.
Meu padrinho Carlos Pires, tipógrafo, que ao me ensinar a arte da encadernação, trouxe junto a paixão pela preservação de livros duramente garimpados no sebo da única feira livre de então.
Prof. Niquinho, que me iniciou nos conhecimentos musicais, nunca esquecidos e até hoje desenvolvidos como hobby na minha prática do sax.
Jorge Arce meu primeiro gerente na Philips, que quando não entendia algo de minhas explicações sempre me dizia: Valter, explique-me como se eu tivesse 4 anos.
Meu pai, um estranho cruzamento de Geppetto, Prof. Pardal, Dr. Brown (De volta ao futuro), com algumas pitadas de Mandrake; homem que com apenas 6 meses de ensino formal tornou-se um carpinteiro náutico, um esportista que construía suas próprias bicicletas de corrida, mestre pedreiro, técnico em eletrônica, rádio-amador e construtor de seus próprios aparelhos de telecomunicação.
Claro que minha mãe não podia ficar de fora com os seus ensinamentos de como fazer dez coisas ao mesmo tempo, economizar em onze, e ainda ter tempo para multiplicar todo o seu amor e carinho pelos filhos e sobrinhos.
Prof. Rodolpho Mehlmann, Importante educador mogiano, chefe escoteiro, líder religioso e cidadão exemplar, homenageado com vários títulos honorários e patrono da escola que leva seu nome. Foi o cara que me despertou para o aeromodelismo, fotografia, marchetaria, marcenaria, pintura em tecido, além de outras técnicas manuais e industriais.
Prof. Sardinha.  Sob sua influência, formamos um clube de ciências, cujos jalecos envergávamos orgulhosamente trazendo no bolso o símbolo de um átomo com o nome “Inicial clube de ciências”. O objetivo oficial era a prática de laboratório, mas nos inocentes anos 60 nossa missão secreta era o lançamento de foguetes num “campo de provas” nos fundos da escola.
Prof. Felix, um espanhol de sotaque difícil e personalidade ainda pior, mas com um coração de ouro. Me trouxe a paixão pelo chão de fábrica e pela racionalização de métodos, cronoanálise, e ganho de qualidade no relacionamento com os operários.
A lista ainda iria longe não só explorando mais qualidades dos citados, como das dúzias de outros que foram tão importantes quanto. E nem me atrevi a falar do quanto eu tenho aprendido com a prática dos meus colegas de sala de aula a quem rendo as minhas homenagens pelo dia de hoje.
Feliz dia dos professores!

23 junho 2017

Sobre não reconhecer a própria ignorância

Tenho pesquisado sobre Metacognição como uma das bases para o planejamento das minhas aulas para o próximo semestre.

Podemos definir a metacognição como algo além do pensar, ou ainda como um pensar sobre o conhecimento.

E dentre os textos pesquisados, li o trecho abaixo que achei interessante compartilhar:

A ausência de metacognição se conecta à pesquisa realizada em 2003 por Dunning, Johnson, Ehrlinger e Kruger sobre "Por que as pessoas não reconhecem sua própria incompetência" Eles descobriram que "as pessoas tendem felizmente desconhecer a sua incompetência". Falta a elas a "percepção sobre deficiências em suas habilidades intelectuais e sociais".
Eles identificaram esse padrão em vários domínios - de testar, de escrever gramaticalmente, de pensar logicamente, de reconhecer o humor, no conhecimento dos caçadores sobre o armas de fogo, em técnicos de laboratório médico sobre terminologia médica e habilidades de resolução de problemas dentre outros. (págs. 83-84).
Em reumo, dizem eles que "se as pessoas não possuírem habilidades para produzir respostas corretas, elas também são amaldiçoadas com a incapacidade de saber quando suas respostas, ou de qualquer outra pessoa, estão corretas ou erradas" (pág. 85). Esta pesquisa sugere que o aumento das habilidades metacognitivas - para aprender habilidades específicas (e corretas), como reconhecê-las e como praticá-las - é necessária em muitos contextos.

24 dezembro 2016

Por um Natal e novo ano de ações

photo by Brian Strevens in www.freeimages.com


Olá pessoal
Nestes últimos dias eu andei refletindo muito sobre o que escrever sobre o Natal e o novo ano, e decidi não escrever nada no estilo natalino.
Solidariedade, Hospitalidade, Civilidade, Compartilhamento, Respeito, são algumas das palavras que comporiam o meu texto, mas só quero lembrá-los de que para que valham alguma coisa não basta escrevê-las, precisamos de ações.

Esqueçam frases bonitinhas, cheias de efeito e luzinhas piscando, os Corais natalinos e as árvores enfeitadas, Esqueçam os amigos secretos, esqueçam as trocas de presentes, esqueçam o Natal do consumo, esqueçam as orações e as bênçãos de ocasião.

Em lugar disso, façam a si mesmos a promessa de que todos os dias, e não só nos próximos dias, vocês agirão no sentido de tornar esse mundo um pouquinho melhor, deixando de olhar apenas para vocês mesmos.  Uma pequena boa ação por dia, e um olhar para além do seu próprio umbigo já seriam suficiente, mas eu tenho certeza de que, se você é meu amigo, você é capaz de muito mais.

Qual será a sua contribuição para que:

Nos novos anos as notícias sobre guerras e violência sejam a exceção e não a regra, que só tenhamos fotos de crianças sorridentes nas revistas e noticiários, que políticos confiáveis sejam mais reais do que os elfos de Papai Noel, que nossos níveis educacionais ganhem destaque positivo, que possamos atravessar a rua em uma faixa de pedestres sem medo do atropelamento, que tenhamos menos carrinhos de supermercado largados pelo estacionamento, que uma vaga ou uma fila para pessoas especiais sejam respeitados, que mais pessoas respeitem os direitos do próximo e lembrem-se que todos temos deveres com esse próximo.


Enfim, tá bom vá!  Ainda dá tempo de fazer algo para este Natal, e fazer um 2017 minimamente decente (o que já será um bom começo), só depende de você.

24 novembro 2016

Os dois modos de contar a verdade

Estava pesquisando os meus arquivos buscando inspiração para a postagem desta semana, e encontrei um recorte interessante para compartilhar com vocês.  É inspirador, e dá um refresco na pauta política.

photo by Liliana Bettencourt in Freeimages.com

Certo dia, um sultão acordou muito nervoso, pois havia tido um pesadelo horrível – sonhara que perdera todos os seus dentes. A cada dente que caía ele chorava muito e cada vez o choro ficava mais triste. Ele não aguentava mais a angústia e chamou o adivinho do palácio para lhe dizer o que o sonho significava, e o adivinho falou:
- Meu sultão, terríveis palavras vou proferir, mas é a verdade e tenho que lhe dizer. O senhor será muito infeliz, pois todos os seus parentes morrerão, filhos, filhas, esposas e sua adorável mãe.
O sultão ficou irado e disse:
- Como ousas, miserável, falar tais mentiras?! Guardas, arrastem este enganador, batam cem vezes nele e arranquem-lhe a língua para que pare de falar tolices!
Mas a dúvida e o medo do sultão cada vez mais aumentavam mais.
Sendo assim, mandou chamar outro adivinho, que falou:
- Meu sultão, tenho maravilhosas palavras a proferir. O senhor terá longevidade e será aquele dentre os membros de sua família que mais tempo nos honrará com imensa sabedoria e justiça.
O sultão abriu um sorriso imenso e disse:

- Adivinho, ganharás cem moedas de ouro pela feliz notícia que me deu. A longevidade de um homem deve ser comemorada!
Colhido em “Ensino: Como encantar o aluno e vencer a concorrência”
Marques. André, e Pinho Lopes. Cláudia Valéria,
DISAL Editora, 2007

19 outubro 2016

Cartesiano com eixos alternativos


A Malú, uma amiga querida e colega de trabalho, fez um comentário sobre a postagem da foto que ilustra esta postagem, dizendo que o mundo está de ponta-cabeça porque ela está vendo um engenheiro com sensibilidade para atividades, digamos, artísticas.   Eu lhe respondi que como engenheiro eu sou um ser tipicamente cartesiano, mas que sempre estou procurando rearranjar os meus eixos de forma alternativa. É certo que isso dá um sabor mais intenso à vida, ao invés de só enxergar integrais e derivadas pela frente – assuntos que aliás, eu confesso que nunca gostei muito.

Então esta postagem é um pouco sobre como arranjar os eixos de forma alternativa.  

Há um tempo eu postei uma outra foto em que aparece o Kiefer, o weimaraner da família, em pé na bancada me ajudando na marcenaria.  Eu gosto muito de passar o tempo livre na minha oficina de 1,5m x 2,0m produzindo poeira e às vezes alguma coisa apresentável!

Crie novos eixos 

Além da marcenaria, também tenho entre os meus múltiplos hobbies a pintura e a fotografia. Neste final de semana eu juntei os três e terminei uma “arte” que consistiu em fazer uma transferência direta de uma foto impressa para um painel – no meu caso de fibra de madeira – emoldurando-a em seguida em uma moldura feita com o reaproveitamento de sarrafos de madeira, e o conjunto ficou com uma cara de pintura antiga. Modéstia à parte ficou bem legal!

A foto é antiga, um cromo feito em Ilhabela lá pelo final da década de 1970, que digitalizei há algum tempo, e que agora foi tratada para valorizar o contraste e eliminar as cores.  

A técnica de transfer que usei é relativamente fácil, mas exige uma paciência asiática já que depois da impressão e colagem da foto no painel, é preciso eliminar o papel, o que exige mais do que mãos de fada, é preciso ter mãos de ninja ou a bagaça vira um borrão só.
Fazer as molduras é uma técnica um pouco mais complicada, por conta das meias esquadrias (os cortes a 45°) nas ripas - ah como eu invejo aquelas oficinas americanas de garage!!!   Mas se você só tem uma serra tico-tico, não se desespere, não fica tão perfeito mas dá pra fazer.

A ideia da postagem não é mostrar novamente a arte, é dar uma dica para que não se dediquem apenas às atividades profissionais mas procurem desenvolver hobbies que resultem em novas sinapses – algo como aumentar a população dos Ticos e Tecos que habitam entre nossas orelhas.  Fazendo isso, não só ganhamos maior capacidade de pensar soluções criativas para os problemas do dia a dia (profissionais ou pessoais), como também reduzimos o stress e melhoramos nossa saúde de um modo global.  Nem só de ginástica vivem os humanos.


Pensem nisso!  O que vocês fazem além de trabalhar e malhar?

30 setembro 2016

Hoje é dia de poesia: Porque gosto do mar...


Porque gosto do mar...
Um barco balança preso ao cais,
Suas velas ansiando pelo movimento.
Um velho marujo pensando em suas múltiplas sobrevivências.
As profundezas que se revelam no escuro das águas, quantas almas nelas habitam?
Os golfinhos brincando na espuma da esteira do barco.
A ardentia azulada nas noites escuras
O mar é um mistério sem fim... Por onde já passaram essas ondas?
Valter Mello – Maio 2015

12 agosto 2016

Os filhos acontecem aos poucos...

Este texto, que foi publicado na revista Sociedade Pública, é minha singela homenagem a todos os pais que se esforçam para criar filhos "do bem".

http://sociedadepublica.com.br/os-filhos-acontecem-aos-poucos/

29 julho 2015

O Caminho do bezerro

by Sam Walter Foss (1858-1911) - poeta americano

Um dia, através da floresta primitiva, um bezerro caminhava de volta para sua dormida, como os bons bezerros faziam;
Mas ele fez uma trilha cheia de curvas e voltas, uma trilha tortuosa, como todos os bezerros fazem.
Desde então trezentos anos se passaram, e devo presumir que o bezerro esteja morto.
Mas ainda assim ele deixou o seu rastro, e dele se originou o meu conto moral.

A trilha foi retomada no dia seguinte por um cão solitário que por ali passava;
E, em seguida, uma sábia ovelha guia que procurava uma trilha sobre os vales e encostas também guiou o seu rebanho através dela, como as boas ovelhas guia sempre fazem.
E a partir daquele dia, sobre as colinas e clareiras, através daquela velha floresta, um caminho foi feito;
e muitos homens seguiram por ele entrando e saindo pelas suas voltas e curvas, e proferiram palavras de justa ira por ser aquele um caminho tão tortuoso.

Mas ainda assim continuaram seguindo, não riam, o caminho originalmente aberto por aquele bezerro através da floresta,
uma trilha tão incoerentemente traçada quanto o rumo incerto pelo qual ele caminhava.
E a trilha na floresta se transformou em um caminho, que se curva e se volta, e novamente se dobra.
Este caminho se tornou uma estrada, onde muitos pobres cavalos com suas cargas fatigavam-se sob o sol escaldante,
e viajavam cerca de três quilometros para percorrer apenas um.
E depois de um século e meio, eles ainda pisavam sobre as pegadas daquele bezerro.

Os anos se passaram muito rapidamente.
A estrada tornou-se uma rua de uma vila,
E, antes que os homens percebessem, em uma tumultuada artéria de uma cidade,
Que em breve transformou-se na rua central de uma renomada metrópole;

E os homens, após dois séculos e meio continuavam pisando sobre as pegadas de um bezerro.
A cada dia cem mil seguem o zigzag do bezerro, e sobre aquele seu caminho torto passou o tráfego de um continente.
Cem mil homens foram guiados por um bezerro morto há três séculos,
e perdem cem anos em um dia, por conta da reverência que prestam ao tão bem estabelecido precedente.

Fosse eu um pregador ordenado, eu poderia ensinar uma lição moral com estes versos;
Para homens que são propensos a seguir cegamente ao longo dos caminhos de bezerro de suas mentes,
e a trabalhar de sol a sol
repetindo o que outros homens já fizeram.

Eles palmilham nas trilhas batidas, para fora e para dentro, para frente e para trás,
escolhendo sempre os mesmos cursos errantes, para manter o caminho que outros já seguiram.
Eles mantém o caminho traçado, um sulco sagrado ao longo do qual passam como todos os que antes deles vieram;
Como devem estar rindo os antigos e sábios deuses da floresta,
eles que viram o primeiro e primitivo bezerro e seu andar incerto!

Ah, quantas coisas esses versos poderiam ensinar – Mas eu não fui ordenado pregador.

Colhido e traduzido por Valter Mello em Fevereiro de 2000.

24 maio 2011

Nenhum homem é uma ilha

Em algum comentário, ou aqui no blog, já não me lembro, eu citei o verso "Nenhum homem é uma ilha" e me perguntaram em seguida sobre ele.
É um dos poemas (na verdade é parte de uma obra em prosa) que está na minha lista de "reflexões"; Então decidi transcrevê-lo por aqui e no blog:

Nenhum homem é uma ilha, inteiro em si mesmo, todos os homens são uma parte do continente, uma parte do todo;
Se um torrão de terra é levado pelo mar, a Europa fica menor, tanto quanto se um promontório inteiro o fosse, do mesmo modo que se a casa de teu amigo ou a tua própria o fosse; A morte de qualquer homem diminui a mim, porque eu estou envolvido pela humanidade;
E nunca pergunte por quem os sinos dobram; eles dobram por ti.


Ao contrário do que muitos pensam, isso não é de Ernest Hemingway, que o aproveitou de maneira esplendorosa em seu livro.
Foi escrito pelo poeta inglês John Donne no século XVI e faz parte de uma obra maior: Devotions upon Emergent Occasions em MEDITATION XVII

Na versão original em inglês arcaico (supostamente):
No man is an Iland, intire of itselfe; every man is a peece of the Continent, a part of the maine;
if a Clod bee washed away by the Sea, Europe is the lesse, as well as if a Promontorie were, as well as if a Manor of thy friends or of thine owne were; any mans death diminishes me, because I am involved in Mankinde;
And therefore never send to know for whom the bell tolls; It tolls for thee.

23 janeiro 2010

O garoto que domesticou o vento

Vi no "Saia do Lugar" que é um site muito legal feito por uns caras muito dedicados e dispostos de verdade, a desenvolver o empreendedorismo no Brasil, a história fantástica de William Kamkwamba, um jovem que, aos 14 anos, e sem conhecer Jean Cocteau, levou ao pé da letra a famosa frase deste: "Sem saber que era impossível, ele foi lá e fez".
Nascido no Malawi, talvez o país mais pobre do mundo, sem dinheiro nem pra ir à escola, deu um exemplo de empreendedorismo ao construir sozinho 2 moinhos de vento para geração de energia na vila em que morava.

A história é comovente e inspiradora. Assistam os 3 vídeos e aplaudam! Mas mais do que aplaudir, inspirem-se!






Este vídeo é do TED 2009, portanto 2 anos depois do vídeo acima. Vejam a desenvoltura do garoto.