Pensei ter construído castelos de areia, e cuidei de protege-los contra a força das marés.
Mas me enganei, eram castelos de cartas e ruíram lentamente pelas
conjurações do mágico cego.
Olhei para as cartas destroçadas no chão, e vi que não
formavam sequer um par de dois. Só via as imagens de paus e as espadas
apontando para corações que sangravam, nenhum rei ou rainha, nenhum cavaleiro
ou herói, e percebi que já não valia mais a pena gastar energia para tentar
reconstruir nada.
Afastei-me, zonzo e sem rumo. Sem nenhum plano definido.
Abri a porta com raiva...
porém, do lado de fora, a vida seguia em toda a sua
plenitude e vigor, e vi flores desconhecidas além do jardim, precisando que
fossem regadas e me oferecendo o seu perfume.
Valter Mello
06 de Janeiro de 2022
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