O nome "Gran Circo" exprime bem a maneira como penso.
Aparentemente caótico, mas muito planejado, às vezes irônico mas sobretudo divertido.
Não esperem só palhaçadas.
Críticas e manifestações humanas em geral terão lugar garantido no picadeiro.

Agora vamos ver como os domadores e palhaços que moram entre as minhas orelhas irão se comportar!



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16 agosto 2016

O tempo passa, mas não apaga as melhores lembranças e as maiores amizades

Encontrei este texto entre meus guardados, e resolvi publicá-lo com a autorização do autor, meu grande amigo Rodolpho Belo da Paixão, com quem vivi grandes momentos compartilhando trilhas, jogando conversa fora, e aprendendo muito. Ele foi o pediatra dos meus filhos e hoje mora em Betim-MG. Talvez algumas explicações se façam necessárias, então elas seguem ao final.

Já pensou em comparar nossa vida à uma Prova de Enduro?

A largada é o nascimento: Cheia de emoções e expectativas pelo que vem pela frente!

A infância parece com o deslocamento: Não se pode errar o percurso, mas se erramos, não perdemos pontos.

A juventude seria o trecho de aferição: Ainda tem-se tempo para correções na velocidade(ímpeto), testando freios e acelerador, conferindo a pressão dos pneus que são o nosso contato com o chão. 

Aí, começa a Vida, o verdadeiro Enduro.
As folhas da planilha vão trazendo para nós as dificuldades, os sufocos, as descidas escorregadias, os subidões íngremes e longos. Mas também trazem as lindas paisagens, as matas fechadas, as campinas verdes, os lindos e às vezes traiçoeiros córregos e rios, o canto dos pássaros. Tantos tombos levamos que a equipe se chamava Tombo Certo, lembra? Mas aprendemos a nos levantar depois de cada tombo, e a cada dia nos aperfeiçoamos, conseguindo cada vez andar mais rápido e com mais precisão.

O importante não era vencer (a prova), era conseguir chegar. Era conseguir vencer a nossa sede, a fome, o cansaço e muitas vezes o medo dos tombos.
Como valia a pena! Como vale a pena! A Vida é um Enduro, uma prova de resistência, de coragem, de luta, e a gente espera pela alegria de chegar. Se ganhamos troféus foi porque erramos menos, foi porque acreditamos mais!

Explicações que talvez sejam necessárias:

  • Enduro, no contexto, é um tipo de prova de regularidade (portanto contra o relógio), praticada com motos offroad específicas para esse tipo de prova. O traçado é desconhecido até o momento da largada e inclui diversas dificuldades naturais: de atoleiros a paredões quase verticais, trilhas travadas, pedras soltas, e outras “delícias”. Os pilotos largam um a um, e se guiam por planilhas (ou road books) que indicam o caminho, as distâncias entre referências, e a velocidade a ser praticada em cada trecho.
    Vence quem conseguir ser mais regular, isto é: passar pelos pontos de controle “PCs”, que são secretos, o mais próximo do tempo ideal. Cada segundo adiantado ou atrasado normalmente representa a perda de um ponto.  Portanto, vence quem perder menos pontos.
  • Deslocamentos são trechos em que não há velocidade controlada. Normalmente são estradas ou caminhos sem dificuldade, utilizados para ligar trechos de trilhas distantes entre si.
  • Trecho de aferição: Trecho planilhado logo após a largada, destinado principalmente à calibragem do odômetro.
  • No início, essas provas eram disputadas apenas com um crônometro como aferidor do tempo, depois vieram os roadbooks e os computadores de bordo para facilitar a vida dos pilotos. Quando começamos as DTs 180 da Yamaha reinavam soberanas. Depois as máquinas importadas e as equipes fortemente patrocinadas acabaram com a graça e com a espontaneidade do esporte.


21 setembro 2009

Sobre motociclistas

Nestas últimas duas semanas, tive a oportunidade de ler dois artigos publicados no jornal semanal "Sete", que circula em Mogi das Cruzes e região, falando sobre o comportamento de motociclistas no trânsito e sobre a legislação pertinente, e sobre os quais resolvi dar minha opinião:

Achei extremamente oportuno o artigo do Dr. Maurimar Bosco Chiasso (semana 13 a 19/09) sobre os motoqueiros endoidecidos.

De fato, a circulação de motocicletas em geral, sejam de motofrete, sejam de puro transporte ou lazer, precisa mesmo ser regulamentada à luz de uma nova visão sobre esse tipo de veículo.

Do mesmo modo, compartilho com a opinião do arquiteto Luiz Roberto Villa (semana 20 a 26/09), sobre a falta de projetos incisivos que resultem em melhoria na convivência com esse tipo de veículo e serviços em que são usados.

Em primeiro lugar é preciso destacar que já fui um motociclista esportivo (e pretendo voltar à prática em breve), e que penso que o veículo não traz o bem ou o mal em si mesmo. O problema é o juízo de quem está sobre ele, do mesmo modo que num carro ou numa bicicleta.

De fato venho notando um aumento na quantidade de acidentes de trânsito envolvendo motos, em que a causa foi a nítida inconsequência, quando não imperícia, do piloto. E imagino o custo social e de saúde pública que essas ocorrências vem acarretando.

Na minha opinião, para fazer valer o princípio fundamental do CBT citado no artigo a que me referi, o primeiro passo deveria ser uma severa reformulação, e uma não menos severa fiscalização sobre os cursos de formação de condutores. É inadmissível que uma pessoa consiga ser habilitada para dirigir um veículo motorizado, sem a necessária consolidação dos conhecimentos teórico e prático, nos moldes em que a legislação brasileira hoje o permite.

Em segundo lugar, falta-nos uma mínima fiscalização dos orgãos competentes, que possa evitar os abusos e o desrespeito ao Código Brasileiro de Trânsito, que são praticados a todo momento, tanto por motoristas quanto por motociclistas.

Respondendo à pergunta do Dr. Chiasso: Não acontecerá nada diferente ao fluxo se os motociclistas não fizerem uso dos “corredores” enquanto o tráfego estiver fluindo em velocidade razoável. Ocuparão o espaço de um veículo como manda a lei e tudo correrá a contento!

Quando a corrente de tráfego reduz sua velocidade para 20km/h ou menos, como é comum nas horas de rush, não haverá problema em que as motos sigam entre os carros (pelas pistas da direita e em velocidade limitada) porque o tempo de reação de todos será suficiente para evitar acidentes.

Ou seja, o fundamental é o velho e simples bom senso!

Aos nossos legisladores (que deveriam ser os pilares do bom senso), eu peço:

Dêem uma olhada na legislação sobre tráfego no mar, em que a obrigação do desvio é sempre da embarcação menor, e mais ágil, ao contrário do que quer nos fazer acreditar a “gang” dos maus motociclistas (e que infelizmente fazem tanta bobagem que parecem ser a maioria).

Deixem da bobagem de querer regulamentar a lei que legaliza os mototáxis e as motos com 2 passageiros. Isso está na contramão da segurança pessoal, e só vai aumentar os assaltos usando as motos como veículos, assim como aumentar o custo da saúde pública com acidentes e outras ocorrências. Será que os mototaxistas legalizados terão obrigação de oferecer capacetes esterilizados aos seus passageiros kamikaze? Pagarão os prejuízos de um eventual acidente?

Deixem de bobagem em criar leis oportunistas e façam cumprir aquelas já existentes.

E de uma vez por todas, vamos dar prioridade à educação.

Sim, porque na base de tudo, está a tristemente crônica deficiência em nosso sistema educacional. Como queremos que alguém seja civilizado, que respeite o próximo, e que entenda minimamente aquilo que lhe é ensinado, com a formação que lhe é dada nas nossas escolas?
Quantas gerações serão necessárias para que tenhamos uma educação básica que viabilize cidadãos e que disso redunde bons brasileiros, bons motoristas, bons motoqueiros, e bons vizinhos?

Portanto senhores legisladores, bom senso!