Faz algum tempo que eu tenho um sócio no circo, um domador chamado Gobhernius. Gob pro pessoal da casa.
Ele é natural de uma pequena ilha da Esbórnia Central, que para quem não sabe fica no Mar de Mérdnia. O diabo é que, apesar da aparente boa vontade, esse sócio está me arrumando problemas.
Me incomoda o fato de que ele vive eternamente brigando comigo porque acha que o circo precisa arrecadar mais e quer sempre que a turma da arquibancada pague mais caro. Olha, não posso negar que melhorou bastante nos últimos anos, mas ainda assim interfere muito no espetáculo.
E o pior de tudo é que ele mal consegue tomar conta dos bichos, que acham que eles é que são os donos do circo e vivem fazendo a maior balbúrdia e brigando uns com os outros.
E trabalhar que é bom nada! Imagina que os bichos só querem função de Segunda a Quinta e vivem querendo dobrar suas rações.
Na minha opinião os bichos do Gob deveriam divertir a platéia do circo sem chiar, afinal foram os próprios freqüentadores que os escolheram. É! Meu circo é tão democrático que até os bichos são eleitos por via direta.
Só que os bichos acham o contrário e querem se divertir às custas do público. Isso está ficando insuportável!
No meu entender a culpa é dos próprios freqüentadores que insistem em votar para que o domador use ratos e raposas ao invés de bichos mais elegantes e inteligentes.
Ah! Eu ia me esquecendo. O Gob não usa jaulas nem gaiolas. Ele vive com os seus bichos num trailer todo estiloso que ele chama de Crasilha, que na língua natal dele significa casa distante.
Aliás, é bom mesmo que a Crasilha fique longe porque o que tem de carrapatos e sanguessugas na Crasilha é uma coisa de loucos. Além dos parasitas, ultimamente anda cheirando mal.
O Gob é um cara engraçado. Ele faz com que todos os bichos e ele próprio andem sempre de gravata, mas apesar disso, dá pra perceber que o padrão de higiene dele não é dos melhores. Conviver com esse tipo de bichos! Bleeergh!! Ninguém merece.
Eu pessoalmente acredito que, com a ajuda do público vou acabar conseguindo limpar o trailer do Gob dos parasitas. Acho que está na hora de aprender com os erros.
Eu penso que só através da ação consciente de quem freqüenta o circo é que ele vai ficar do jeito que queremos. Um lugar pra viver todas as nossas fantasias e esperanças. E aplaudir a cada número.
E daí quem sabe eu consiga tornar o Gobhernius um sócio com menor participação no meu circo, de modo que sobre dinheiro para uma lona nova e que eu possa sonhar com o primeiro mundo.
Enquanto isso a vida segue em frente e o espetáculo não pode parar.
Mas sempre vai haver espaço para os mágicos e trapezistas.
29 outubro 2005
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