O nome "Gran Circo" exprime bem a maneira como penso.
Aparentemente caótico, mas muito planejado, às vezes irônico mas sobretudo divertido.
Não esperem só palhaçadas.
Críticas e manifestações humanas em geral terão lugar garantido no picadeiro.

Agora vamos ver como os domadores e palhaços que moram entre as minhas orelhas irão se comportar!



17 fevereiro 2010

VIGÍLIA

In memorian do Zé Mello meu pai querido e sempre presente

Vigília é a tensão de ouvir o áspero rugir do vento sobre o seu teto antes que a tempestade se abata.

Vigília é o som da geleira do tempo se arrastando lentamente sobre a rocha, guinchando seus gritos de agouro e riscando marcas indeléveis na sua carne.

Vigília é ter o olho fixo na mira à espera do inimigo incerto. É manter-se alerta mesmo sabendo-se impotente diante do inexorável.

Vigília é não sentir o tempo passar enquanto a febre do filho não cede.

É se manter acordado acompanhando o bip errático do monitor cardíaco e não se deixar embalar pelo chiado monótono do respirador.

Vigília é doar um pouco de seu sono pelo conforto do outro,

É a triste sensação de solidão ao assistir à chama da vida se extinguindo.

Vigília é continuar mantendo a fé quando tudo parece falhar,

Vigília é um ato de amor.

Valter Mello

Um comentário:

Ana Clauda da S. Mello disse...

Ler esse POEMA me pegou de calça curta. Caramba!! Nós vivemos o "corredor dos passoa perdidos", como disse Isabel Allende e sabemos como é... Acho que depois de tantos anos (que infelizmente parecem dias), ainda estamos tentando aprender a conviver com a saudade ( e cara, ela dói pra burro!!!!!), mas chego a conclusão de que o nosso "turrão" está sempre com a gente, como um anjo guardião, falando com a gente, sem que muitas vezes tenhamos consciência(se é que podemos tê-la)e nos dando força pra seguir em frente. Sei que isto vai ser lido por um monte de gente desconhecida, mas e dái, não existe vergonha nenhuma no que estou escrevendo, e quero mesmo que seja público e notório. Eu amo família.