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Eu não sou um saudosista empedernido daqueles que vivem
louvando “os velhos bons tempos”. Vivo muito bem no presente e vivo com
intensidade. Entretanto, tenho que admitir que sinto falta daqueles tempos em
que não precisávamos ter tantas preocupações com segurança, em que as pessoas
pareciam mais puras, em que podíamos confiar em desconhecidos sem tanto medo de
sermos passados para trás. Tempos em que a vida parecia mais simples e o tempo
corria mais devagar.
Ops! Será que estou sendo saudosista? Até acho que sim! Talvez porque eu vivi um
tempo em que era possível andar de madrugada pela cidade, fazer camping
selvagem em qualquer praia da Rio-Santos preocupando-me somente com o qualidade
do repelente e com o limite da maré alta, encontrar gente disposta a conversar,
e pasmem: com uma conversa gostosa daquelas que a gente não queria que
acabasse.
Onde foram parar os conversadores?
Aliás onde foram parar os assuntos
interessantes das conversas? Atualmente está difícil vencer a concorrência com
os celulares. Parece que as pessoas nunca estão onde seus corpos estão. É um
tal de ver gente falando ou rindo sozinha, voando pendurada pelos fones de
ouvido em suas orelhas, ou mais recentemente caçando monstrinhos digitais. E tem gente achando que até o Facebook está
ultrapassado e que agora toda conversa pode ser resumida num whatsapp com meia
dúzia de palavras, quando muito num aúdio de alguns segundos.
Paradoxalmente, somos todos indivíduos sem individualidade
numa coletividade de cada um pra si.
Conversadores, estão ficando raros. Não se iludam os que
vêem aglomerações nos botecos e acham que ainda são redutos para conversas
interessantes. Quando muito são intermináveis e chatíssimas discussões sobre o
time do coração, ou sobre os atributos do garoto/garota da mesa ao lado, mas e
assim com baixíssima compreensão por conta do barulho reinante.
Hoje em dia, para se achar um conversador genuíno, temos que
pegar uma moto, um jipe, uma bike, e sair para o interior até sentir o cheiro
de café no bule e a fumaça de um fogão à lenha (rezando pra não ser assaltado
no caminho!). E então procurar pelos
indícios típicos: Um caminhar devagar, um terreiro limpinho, flores na janela,
horta bem cuidada. Se tiver sorte, um banco longo debaixo do beiral.
Aí, toca aproveitar o momento. Não se preocupe com selfies
ou fotos. Nem peça o cartão ou o telefone Apenas converse. Você não faz ideia
da transformação que isso provocará.
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