Meu discurso de paraninfo - UBC 21 de Julho de 2014

Em Julho de 2014 eu tive a honra de ter sido escolhido como paraninfo dos formandos do curso de Tecnologia em Logística da Universidade Braz Cubas, ocasião em que discursei.

Alguns dos que estiveram presentes na cerimônia me perguntaram sobre esse discurso, e no final eu decidi publicá-lo em meu blog.

Boa noite senhoras e senhores!

É muito bom ver vocês aqui com essa cara de felicidade!

Vocês tem razão! Este é um momento de comemoração, quanto de felicitações e de reconhecimento.

E eu gostaria de iniciar agradecendo:

Aos Srs. Diretores, Srs. Coordenadores, Corpo docente, e funcionários da Universidade Braz Cubas, obrigado pela relevância que vem sendo dedicada à qualidade de nosso ensino e cujos resultados podemos ver nessa magnífica cerimônia de colação de grau e nos nossos vários alunos que estão ganhando o mundo através do programa “Ciência sem fronteiras”.

Aos amigos, familiares, namorados, irmãos e irmãs dos formandos, e de modo especial aos pais e cônjuges, eu quero externar em nome deles o meu agradecimento por todo o suporte que vocês lhes deram durante esta difícil jornada que é um curso universitário.

E eu não poderia deixar de destacar ainda um agradecimento a todos os professores que vieram antes de nós, a todos colaboradores anônimos da Universidade Braz Cubas e aos milhares de outros que passam pela nossa vida diariamente, e sem o esforço dos quais, nenhum de nós estaria aqui agora celebrando.

E finalmente

Aos formando do primeiro semestre de 2014 eu quero dar os meus sinceros parabéns! E agradecer pelo convite para ocupar a tribuna nesta noite tão importante para todos vocês.

Eu me sinto verdadeiramente honrado por isso.

Agora, como graduados em uma universidade, vocês fazem parte dos 11% superiores da população brasileira,

Isso quer dizer que vocês são a elite (o que temos de melhor). Isso quer dizer também que vocês, desde o momento em que iniciaram os seus cursos, muitos vencendo a inércia de dezenas de anos fora da escola, se tornam os responsáveis por elevar o Brasil ao nível de primeiro mundo. São também vocês, os responsáveis pela melhoria de nossa eficiência, e pela redução da nossa desigualdade social, através de suas ações profissionais e de seus exemplos pessoais.

Todos aqui nos orgulhamos de ter contribuído para essa formação, e contamos com o comprometimento de vocês nessa missão.

Mas não é a minha idéia apenas felicitar e agradecer.

Eu devo confessar que escrever este discurso foi difícil e intimidador para mim, pela responsabilidade que está implícita em ser o paraninfo da turma.

Para prepará-lo eu pensei: O que eu gostaria de ter ouvido no discurso da minha formatura.  Que palavras inspiradoras, que exemplos, ou que lições continuariam fazendo sentido hoje?

Gente! Isso deu uma lista enorme. 

Desse modo, o meu desafio foi torná-lo leve mas ainda assim significante, e eu escolhi cinco das coisas que julguei mais importantes para este momento.

A primeira coisa que eu gostaria de ter ouvido é que o certificado de graduação que vocês estão recebendo hoje, não se basta como um passaporte para o sucesso. 

O verdadeiro passaporte para o sucesso está guardado no cofre entre suas orelhas.  Caberá a cada um de vocês desenvolver sua própria chave para abrir esse cofre, e atingir todas as metas que vocês desejam.

O que lhes foi ensinado nesta casa foram os modos de como buscar os conhecimentos necessários para construir essa chave.

Nós professores, buscamos lhes transmitir nossas próprias experiências profissionais e de vida, nossos sucessos e por que não, nossas dificuldades, para criar (como dizia o agora saudoso mestre Rubem Alves) uma curiosidade e uma inquietação positivas para que, através deles, vocês possam trilhar seus próprios caminhos.

Portanto, desafiem-se sempre.  Assumam novas responsabilidades sem medo. Construam essa chave!

Eu não quero que esse meu discurso seja uma coleção de frases famosas, mas preciso citar uma de Sir Winston Churchill, que disse:

“Sucesso não é o final, e falhas não são fatais: O que realmente conta é a coragem de seguir em frente”.

E para seguir em frente temos de saber definir o que é importante. E eu cito pelo menos três coisas importantes:

·         A dedicação com que vocês lidam com suas missões profissionais e pessoais.

·         A busca pelas mudanças.

·         A criação de valor através de suas ações.

A segunda coisa que eu gostaria de ter ouvido no discurso da minha formatura, é que construir relacionamentos é tão importante quanto os conhecimentos acadêmicos.

Nossa vida é feita de relacionamentos. Do mesmo modo como vocês cultivam amizades pessoais, normalmente com pessoas com as quais vocês tem algum tipo de afinidade, e isso meio que acomoda, também precisamos aprender a fazer isso na vida profissional.

Ao longo de suas carreiras vocês terão que desenvolver e manter bons relacionamentos profissionais e acadêmicos.  É o tal do network.

Esses relacionamentos se tornam muito mais interessantes quando também são relacionamentos de amizade, então façam o possível para que sejam.  Mantenham contato amigável, produtivo e transparente com seus colegas de trabalho, com seus chefes e subordinados, e com outros profissionais do mercado, seja através de grupos virtuais, clubes de serviço, associações profissionais e associações de ex-alunos.

E mantenham vivas essas ligações.

Não deixem, entretanto, que esses relacionamentos, e isso vale para qualquer relacionamento humano, sejam uma via de mão única.

Não sejam daqueles que ficam à espera que alguém venha lhes oferecer vantagens ou oportunidades. Procurem vocês também modos de serem úteis para seus contatos.

Em minha carreira de quase quarenta anos, eu venho conseguindo transformar meus relacionamentos de trabalho e meus clientes em amigos. Isso me deixa muito feliz e essas amizades valem muito mais do que projetos grandiosos.

Para isso, interessem-se genuinamente pelas pessoas, mirem-se nos seus exemplos, felicitem quando souberem que uma pessoa conseguiu uma conquista profissional ou pessoal. Aplaudam!  E se não tiverem nada de positivo para falar, então calem-se.

Meu terceiro conselho é sobre como desenvolver uma visão sobre o mundo que nos cerca.

Como eu já tive a oportunidade de dizer hoje, nunca deixem passar, eu diria mesmo que corram ao encontro de todas as oportunidades de desenvolvimento que lhes apareça. E quando não aparecer nenhuma, inventem uma.

Interessem-se por uma ampla variedade de coisas e não apenas por aquelas que são necessidades profissionais.

Sejam ecléticos. 

Diversifiquem os seus conhecimentos, Desenvolvam uma habilidade nova. Aprendam música, aprendam a tocar um novo instrumento, novos idiomas, aprendam a dançar, a pintar, um novo esporte, enfim, nunca deixem que a poeira tome conta de suas cabeças.

Na convivência com meus pares e colaboradores na indústria, e junto aos meus clientes, percebi que há uma forte correlação entre o repertório cultural e o sucesso profissional, porque quanto mais culturalmente desenvolvidos nós somos, maior é a nossa capacidade de absorção de novos conteúdos acadêmicos e profissionais.

Eu estou com 60 agora e continuo me considerando um aprendiz.  Em algumas habilidades e áreas do saber eu tenho a felicidade de ter colecionado boas experiências e sucessos e sei que posso ensinar. Outras, eu estou aprendendo agora.

Ainda há muito por fazer, e muito por aprender.

A minha agenda de coisas por aprender se estende até lá pelos meus 104 anos.

Depois eu pretendo me aposentar. 

Agora vocês devem estar pensando: Nossa! Como ele é otimista!

Acontece que  ainda hoje eu vi uma pesquisa americana que diz que 75% do nosso sucesso profissional pode ser previsto pelo nosso nível de otimismo e por nosso suporte social (lembram do que eu falei sobre relacionamentos? e que devemos ver o stress do dia a dia como desafio e não como ameaça.      Desse modo pessoal, eu prefiro continuar sendo um otimista feliz.

E pra encerrar esse tópico sobre aprendizado e visão do mundo, vai um conselho de quem ama a leitura:

Leiam, Leiam e Leiam. E quando começarem a achar que dominam o assunto, continuem lendo à respeito.

Leiam ecleticamente e de forma crítica sobre tudo. De embalagens de pudim até tratados científicos. Mas não deixem de ler.

Façam da leitura um hábito diário tão saudável quanto caminhar, se exercitar, ou praticar esporte.

Como quarto ponto, eu quero falar de responsabilidades e liderança:

Em sua vida profissional vocês verão trabalhos que caem nos seus colos porque alguém faltou com suas próprias responsabilidades.

A lição aqui é: Nessa hora não existe seu trabalho ou trabalho do sicrano ou do beltrano. 

Existe trabalho a ser feito. Ponto!

Estejam sempre preparados e, Nesses casos tragam para vocês a responsabilidade. Façam!

Não deixem um cliente esperando!  Os seus empregos dependem dele.

Não é por acaso que no dicionário, dever vem antes de direito.  É esse comprometimento, esse tomar para si as responsabilidades, esse senso do cumprimento do dever é isso que forma um líder.

Portanto, não arranjem desculpas quando surgirem os problemas. Arranjem as soluções.

Pronto!  Falei de quatro coisas que eu gostaria de ter ouvido.  Mas não poderia encerrar esta minha fala, deixando de lado  algo que até pode ser um lugar comum em discursos de formatura, mas que eu acho particularmente importante.

Eu quero falar sobre os sonhos.

Ao concluir o curso universitário, todos nós temos a cabeça cheia de sonhos.

Sonhos de grandes projetos, de realização profissional, de realização pessoal, de contribuir para fazer um mundo melhor através de ações relevantes e tantos outros.

Sobre os sonhos eu quero dizer que são a matéria prima de que são feitos os sorrisos de nossa alma.

Quando tentamos definir os sonhos, o que nos vem à cabeça é que com eles nós podemos mudar a realidade, podemos ousar, ser super-heróis, viajar no tempo, ou qualquer outra coisa que se queira.

Aqueles dentre vocês, que foram meus alunos, aprenderam nas aulas de embalagem que a caixa deve ser maior que o conteúdo. Então, tratem de construir uma caixa de sonhos bem grande, para que nela possam caber, bem protegidos, os sonhos de suas vidas inteiras, porque o mais interessante e legal dos sonhos é que uma vez sonhados eles não nos abandonam mais.

A mensagem que eles nos passam todos os dias é:

Se você acha que pode, então você poderá!

Entretanto, sonhar que podemos mudar o mundo, mas não buscar a concretização desses sonhos, é pura fantasia.

Precisamos tomar ações deliberadas e focadas para que eles se tornem realidade.

E isso é feito através da paixão, da proatividade, do empreendedorismo, do fazer acontecer.

Temos que sair da nossa zona de conforto, temos que tomar decisões difíceis, temos que arriscar.

Só assim faremos a diferença no mundo!

Mas antes de qualquer outra coisa vocês tem que prometer uma coisa para vocês mesmos:

Corram em direção aos seus sonhos e ...

Sejam felizes!               

Obrigado!

Valter Mello 21 de Julho de 2014